A edição on line de dezembro do Revista Tempo Presente (http://www.tempopresente.org) do Laboratório dos Estudos do Tempo Presente do Instituto de História da UFRJ lançou um dossiê sobre os 80 anos do integralismo brasileiro com textos de pesquisadores do Geint.
Leia abaixo o prefácio da Profa. Giselda Brito Silva (UFRPE) parao dossiê:
"A Revista Eletrônica do Tempo Presente traz nessa Edição Especial o tema
do Integralismo no Brasil, a partir da contribuição de especialistas e
estudiosos do tema de partes diferentes do país.
Colaboram com essa
Edição João Fábio Bertonha da Universidade Estadual de Maringá e
coordenador do Laboratório do Tempo Presente da UEM, também conhecido
especialista dos estudos do integralismo no Brasil e suas relações com o
fascismo italiano. Nesta edição ele nos oferece uma discussão sobre
questões metodológicas para o estudo do antissemitismo integralista. Na
sequência temos uma analise da imprensa integralista,
particularizando-se o caso da Revista Anauê e sua circulação num ano que
foi crucial para o crescimento dos integralistas, 1935, com Rodolfo
Fiorucci do Instituto Federal do Paraná (IFPR/Jacarezinho) e Doutorando
pela UFG, estudioso do integralismo desde os tempos de Mestrado.
As
relações externas do integralismo com o nazismo não poderiam deixar de
ser contempladas nessa Edição. Nesse lugar, temos a contribuição da Ana
Dietrich, da Universidade Federal do ABC, especialista nos estudos do
nazismo no Brasil e suas relações com o Integralismo no Sul do país, com
uma importante contribuição acerca das percepções de Hitler sobre essa
relação.
Outra importante contribuição à edição vem do também
especialista no tema Renato Alencar Dotta, doutorando em História Social pela USP, nos
dando a conhecer da trajetória do integralismo brasileiro desde a
fundação da Ação Integralista Brasileira em 1932 até a atualidade,
incluindo-se uma reflexão da utilização dos ciberespaços utilizados
pelos chamados “Neo-integralistas”.
No âmbito da história do tempo
presente do integralismo temos a oralidade e a memória dos que viveram a
experiência do integralismo na contribuição de Márcia Regina da Silva
Ramos Carneiro, da Universidade Federal Fluminense. Especialista em
estudos da memória integralista, ela nos brinda com uma discussão bem
atual do movimento a partir do tema “Uma velha novidade: o integralismo
no século XXI”.
Informamos aos leitores que o integralismo
brasileiro teve seu início em 1932 com o lançamento do Manifesto de
Outubro de 32, atuando oficialmente até 1937, quando foi proibido por
decreto do Estado Novo. Em 1938, alguns integralistas tentaram derrubar
Getúlio Vargas, através de uma invasão armada à residência presidencial
no Rio de Janeiro, sendo a partir daí objeto de perseguição e controle
da polícia política. Seu líder Plínio Salgado foi enviado para exílio em
Portugal, onde ficou até 1946. Voltando ao Brasil fundou o PRP (Partido
de Representação Popular) com o qual compareceu novamente ao campo
político brasileiro na dita democratização do país. Durante o regime
militar continuou atuando, agora ao lado dos militares, até 1975, quando
veio a falecer. Alguns militantes e seus herdeiros, contudo, nunca
esqueceram o “Chefe” e continuam até nossos dias circulando em algumas
capitais do país e, principalmente, através da internet.
Desta
forma, apresentamos nesta edição um tema de suma importância para nossa
vida política e, com isso, esperamos levar uma contribuição aos
interessados em estudar e conhecer mais detalhes do que foi esse
movimento, tido como o “fascismo brasileiro”."